quando ainda era uma jovem menina, ambiciosa e revoltada de como era tratada por ser mulher, desenvolvi um pensamento escroto de que só seria feliz quando entendesse meu valor e mostrasse isso aos outros.
não que isso fosse completamente errado, mas acabei me privando de enxergar a vida de um jeito mais amplo e consequentemente deixei de dar relevância a momentos únicos de felicidade – tipo aquele em que você olha pra onde tá, pra pessoa que é e pensa: “tô conseguindo, tô indo, tô chegando, tô melhorando” – eu ignorava meu avanço e só pensava em expôr sobre o que na minha mente (ainda efêmera) imaginava sobre o que é viver.
a juventude ainda está presente aqui, eu sei, mas ela tá com uma aparência maior de maturidade. sinto que agora penso na mãe que um dia vou ser, penso nessa nova mulher que preciso construir, penso numa rotina que me possibilite flexibilidade, penso num corpo que me dê longevidade, penso em companhia que soma e não suga, penso num lar que me represente e que me acolha.
e perceber que aos poucos estou me tornando essa mulher, e que hoje, ama ser mulher, que não se envolve mais com tantas angústias de carregar o feminino e que depois de tantas percepções compreende exatamente o que isso significa. não tem preço o desenvolvimento. dinheiro nenhum no mundo e aprovação externa de ngm faz o que esse sentimento nos dá.
que tenhamos sempre a clareza de que mudanças e transições nunca deixarão de ser uma habilidade secreta do nosso bem-estar. e que estejamos sempre abertas, ainda que não prontas.